Megafone! CCM nos oitenta :D

A história da Jesus Music! (CCM) – Contemporary Christian Music – PARTE III

Anos 80, a morte da Jesus Music?

Para o efeito da tradição do movimento em si, infelizmente a Jesus Music teria morrido ou pelo menos se esfriado no começo dos anos 80, onde entraria o circuito rotulado simplesmente como Música Gospel ou Christian Music, em linhagem com indústrias fonográficas de qualidade que abririam portas a diversos estilos da cultura pop/rock e flashback ´s que engajariam bom retorno ao mercado cristão. Mas a essência como um todo graças a Deus não se perdeu nos anos 80, pois esta década possuía muitas caixas coloridas e sortidas que se estouraram e revelou o quanto o lado contemporâneo da música poderia ser trabalhado neste meio em relação a bons frutos positivos. E frutos positivos da coisa aconteciam, e cito um deles: A banda de rock progressivo Kansas, (aquela mesma de Dust In The Wind e Carry On Wayward Son) se tornaria uma banda cristã (pelo menos nos três primeiros anos da década de 80), com a conversão ao evangelho do então guitarrista Kerry Livgren. Em 1981 o já cristão John Elefante se integra ao Kansas sendo o vocalista nos álbuns Vinyl Confessions e Drastic  Measures, que tiveram uma boa repercussão nos topos da parada musical, no entanto o conceito das letras do Kansas alavancaram não só a continuidade de abordar temas gerais, mas na ocasião entrelaçados no consentimento cristão da coisa, o que infelizmente não durou muito devido as divergências com produtores, outros músicos e dos próprios fãs. Elefante anos mais tarde se tornou um grande produtor (cristão) de bandas que surgiriam naquela mesma década, como Barren Cross, Shout, e do já renomado Petra. Kerry Livgren deixou o Kansas e montou o grupo AD com Dave Hope (também cristão e Ex-Kansas) enfatizando temas positivos e cristãos em suas letras.  Bandas que surgiram no fim dos anos 70 citados na parte II da história, gravaram grandes hits nos anos 80 de Southern rock, um estilo muito forte até então. Surgiram grupos como White Heart, Idle Cure, Mad At The World, Adam Again, The Seventy Sevens que preenchiam este lado do Southern naquela década, elevando hard rock, pop e algumas que trabalharam uma leve adaptação de música eletrônica. No entanto o sucesso de tais era relativo e apenas concentrado num público amante da música cristã contemporânea, o que deixou claro o compromisso dos músicos em não deixar de lado a principal essência de fazer o trabalho pra DEUS. Veteranos da Jesus Music como REZ, Petra, Larry Norman, Phil Keaggy não deixaram de gravar nos anos 80, mas alguns se adequaram a mudança musical generativa da década presente, como por exemplo, o Petra, que deixou um pouco a pegada rock and roll pra se adequar ao Southern, elevando levemente o peso do rock com o lado pop da música. Amy Grant como citada no tópico anterior teve seu auge nos anos 80, e quase junto com ela o talento e entrega de Michael W. Smith, sendo assim um grande cantor de pop/rock nos anos 80. ao lado da mesma levando a música cristã mais longe, com comprometimento e reverência a DEUS. Até o Hip Hop ganhou seu lado contemporâneo no fim dos anos 80, onde apareceu o grupo DC TALK, mesclando batidas pesadas das guitarras de rock com as batidas e arranjos do hip, letras protestantes e compromissadas com Deus. E o que aconteceu com o Pastor Smith e Freesbe, a dupla dinâmica balizadores das novas vidas pra Cristo no movimento da Jesus Music? Bom, lendo no Wikipédia me surpreendeu que o Pastor Smith tivesse tido um “declínio espiritual” no começo dos anos 80, quando o seu livro “End Times” de 1978, teria revelado uma adivinhação matemática de seu “pseudo auto-raciocínio” englobado ao seu dom profético, alegando uma suposta volta de Cristo no 2º semestre de 1981. Tal coisa obviamente não sucedida fez com que muitos o considerassem um falso profeta. Carece de fontes se Freesbe e algumas bandas e artistas da Jesus Music que o acompanhavam estariam com ele, ou se teriam abandonado o barco do ministério, mas a Calvary Chapel ainda esta de pé e Smith continua ministrando na mesma até os dias de hoje.

NWOBHM, Glam Rock, Punk e o Heavy Metal no meio cristão!

Como disse anos 80 foi surpresa, e como foi hein! O hard rock dos anos 70 obscuro e psicodélico, produzido por Black Sabbath, Kiss e AC/DC “perderia” um certo espaço nos anos 80 para Van Halen, Twisted Sister e Mottley Crue que trouxeram o Glam Rock, (hard rock de vestuário afeminados, temáticas festeiras e cenários hollywoodianos). No caso do Kiss não foi tão difícil pra se adequarem ao estilo, já o Black Sabbath (sem Ozzy, mas com Dio) teve de moderar sua musicalidade ainda adequada ao NWOBHM (New Wave Of British Heavy Metal – Nova Onda do Metal Britânico), trazendo com eles bandas que seriam as top´s do heavy tradicional nos anos 80, como Iron Maiden, Judas Priest e por influências sonoras o próprio Metallica, mas este último sendo percussor do Thrash e do Speed Metal, que tinha como objetivo “combater” o frescor e a postura poser que o hard rock promoveu nos anos 80. Pelo lado cristão os anos 80 foi a década em que muitas bandas surgiram seguindo a tendência do rock pesado, em serviço do Reino com mais força e ímpeto. Mas assim como na Jesus Music, as bandas dos estilos de rock pesado cristão sofreram os mesmos ataques dos anos 70, principalmente das igrejas protestantes. Em 1983 surge o grupo Roxx Regime, de autoria dos irmãos Sweet do Stryper, influenciados totalmente pelas bandas seculares dos anos 70 e começo dos 80. Um ano depois morre o Roxx e surge o Stryper, com nova direção nas letras e propósito de se tornarem uma banda cristã de rock pesado, embora o Roxx já se tratasse de uma ainda sem elevar o compromisso cristão como prioridade. Muitos dizem que o Stryper é o pai do heavy metal cristão, mas é preciso algumas considerações para tal relato: 1) Stryper surgiu como uma banda de glam rock (visual e o som adequado ao estilo)  2) Antes deles bandas cristãs como Daniel Band, Messiah, Jerusalem, Rez, Barnabas, Leviticus já estavam no circuito do NWOBHM e do hard rock tradicional. Mas em questão de aparição fulminante e visuais que chocaram cristãos e não cristãos, o Stryper praticamente foi a primeira que teve uma maior ousadia em associar o rock pesado com a temática cristã. O visual pavoroso e afeminado, cabelos tratados, hard rock aguçado e gritado, mas não a menos com uma mensagem e postura cristã direta e impactante fez com que se tornassem nos anos 80 e décadas seguintes a maior banda underground cristã de todos os tempos, ganhando grande popularidade no meio secular e sendo respeitada por muitas bandas headlines da época. Entrelinhas sofreram vários ataques de lideres religiosos, criticando a postura e a forma como queriam passar o evangelho. A banda atirava bíblias nos finais dos concertos para os fãs presentes, faziam letras compromissadas e alegres conforme os padrões bíblicos, e se ousaram em ir um pouco mais além à mídia (MTV e Billboard). Para os fãs cristãos de rock, o Stryper era a resposta cristã aos escandalosos conjuntos seculares, aos conservadores musicais religiosos e aos caçadores de bruxas e mensagens subliminares em letras de rock. Mas o underground cristão ganharia outras bandas pérolas no circuito dos estilos citados neste tópico, como Bride e Whitecross que entenderam seus propósitos na música, sendo bandas com grande qualidade sonora, e que se tornaram bandas missionárias, separando integrantes para pregarem o evangelho, influenciando muitos jovens a se entregarem para Jesus Cristo. Muitas outras bandas surgiram como Saint, Messiah Prophet, Barren Cross, Trytan, Bloodgood, Sacred Warrior, Guardian, Holy Soldier, todas infiltradas no circuito de banda cristãs, não sendo muito populares mas aceitas nos dois cenários como excelentes bandas undergrounds, sendo fiéis aos propósitos divinos sem abordarem a mensagem do evangelho como obrigação aos seus ouvintes, mas de uma forma racional e protestante ao mundo. Altar Boys surgiu entre 84 e 85 sendo uma das pioneiras bandas no circuito Punk Rock cristão. Já no finzinho dos anos 80 a clássica One Bad Pig surge como os “Anarquistas da paz em Cristo”, uma banda 100% underground. O thrash metal que já estava difundido por Metallica, Megadeth e Slayer também ganhou aos poucos seu espaço no meio cristão, mas precisou quase terminar a década de 80 para que Deliverance, Seventh Angel, Vengeance Rising dessem o pontapé inicial ao meio cristão neste estilo, e logo no começo dos anos 90 bandas como Believer, Tourniquet, Moritifcation e The Crucified se enquadraram ao estilo e gravaram discos do gênero para o considerado “heavy metal elevado ao quadrado da música!”

White Metal?

Se você gosta de rock cristão já deve ter ouvido falar em White Metal (Metal branco). Mas o que é White Metal? Numa definição mais simplista da coisa pode definir-se que é um estilo para designar as bandas de rock pesado cristãs, em torno de diversas vertentes de estilos do rock (metal, punk, hard, progressivo), com letras direcionadas aos fatos bíblicos, referenciadas a Jesus Cristo e louvor ao Seu nome. Na verdade foi um grupo dos anos 80, o Trouble (considerado, mas não provados que são cristãos) que denominou a nomenclatura White Metal para classificar as bandas de metal cristão, uma suposta oposição a grupos que gostavam de “glorificar o demônio”, ou talvez uma oposição ao Black Metal. No Brasil conhecemos mais como White Metal, mas nos EUA e demais países é conhecido apenas por Christian Metal, ou Christian Rock. Em minha opinião White Metal é um rótulo forte, porém de certa forma um pouco passado e individualista, como se fosse único, ou melhor, uma vez que o objetivo é levar a mensagem de Cristo para o lado underground da coisa, e desta forma não se podem levar em consideração os rótulos, pois teve bandas que levantaram apenas a bandeira do movimento White Metal, assim como outras levantaram a bandeira de Cristo. Outra coisa também que, dentro do rock existem diversos estilos diferentes, dos mais leves aos mais pesados, dos mais simples aos mais complexos, então se você entende todas as bandas cristãs de rock como White Metal, dá impressão que somente o Metal é a base de tudo, ou seja, como ficaria então o Punk, o Hard Core? Embora estilos como o próprio HC, Punk, New Metal teriam sido criados ou com mais aparição nos anos 90, tanto do lado cristão, quanto no lado secular, e como citado esta nomenclatura foi criada nos anos 80.

Bom galera, em questão da história e exploração da história da CCM no que se diz respeito ao movimento Jesus Music é só, mas no próximo post quero falar um pouco mais sobre os anos 80 entrando nos 90 e dias atuais na música cristã, sobre o festival cristão Cornerstone Festival, e explanar um pouquinho sobre a revolução da música contemporânea no Brasil em especial anos 80 e anos 90.

Deus abençoe a todos!!!

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Bera

Sou um grande fã de música em especial Hard Rock, Metal, Rock Progressivo e Jesus Music. Um simples ser na jornada da vida, sempre procurando fazer a vontade de meu Pai Celestial!! ROCK OF AGES!!! \o/

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